segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Os fatos. O tempo. As mudanças. A vida.

Uma semana. Uma semana foi o suficiente para a vida de uma amiga muito querida sofrer grandes transformações. No caso dela, as transformações foram positivas. Conversamos sobre isso e sobre como o inesperado é o que dá o tempero aos nossos dias. Conversamos sobre como um fato ocorrido em um pequeno espaço de tempo pode resultar em mudanças que vão fazer a sua vida tomar outra direção, ou outro caminho. Os fatos, o tempo, as mudanças e a vida.
Os fatos. Os fatos por si só podem não possuir um valor definitivo. O que torna um fato importante ou não é a nossa percepção a respeito dele. Um mesmo fato acontecendo para duas pessoas pode ser encarado como positivo por uma e como negativo por outra. O fato precisa ser interpretado para que possa ter significado e interpretação é um ato individual.
O tempo. O tempo que algo dura não possui nenhuma relação com a importância desse algo. Vivemos o segundo, o minuto, a hora, o dia. Não vivemos a semana, não vivemos o mês, não vivemos o ano. O inesperado é o que nos surpreende e o que nos surpreende é o que mais nos marca. O inesperado não é planejado. O inesperado apenas acontece e, geralmente, acontece em um curtíssimo período de tempo.
As mudanças. As mudanças não ocorrem sem que algo seja feito para que elas ocorram. Esse impulso pode ser próprio ou pode ser oriundo de uma fonte externa. A pessoa pode não querer a mudança, mas tem de aceitá-la. Essas, geralmente, são as más mudanças, pelo menos em curto prazo. À ausência de mudanças denominamos rotina. É impossível fugir totalmente das rotinas. Não há como. Algumas rotinas já estão tão internalizadas na nossa cultura e, consequentemente, em nosso comportamento, que elas se tornaram essenciais, quase como respirar. Entretanto, um fato, ocorrido inesperadamente e, por isso, em pouco tempo, pode resultar em uma mudança. Esse fato pode resultar em uma pequena mudança, assim como pode resultar em uma mudança drástica.
A vida. A vida está intrinsecamente ligada ao movimento. Desde a concepção até a morte, a vida não existe sem movimento. E movimento significa a alteração de um estado para outro. Movimento significa mudança. Na vida, nenhuma mudança representativa demora muito tempo para ocorrer (desconsideremos o envelhecimento, pois é natural e, assim, independe das ações do indivíduo). As mudanças que marcam ocorrem de repente, num estalar de dedos, em um erro ou em um acerto, em uma escolha. E essa mudança pode alterar os caminhos que a nossa vida vai tomar. Essa mudança não necessariamente mudará o destino, mas mudará os caminhos até ele.

Falo sobre isso porque percebo cada vez mais o instante sendo colocado de lado, sendo relegado a uma instância secundária, enquanto o futuro, os planos, enfim, o que ainda não veio, é o que recebe a atenção principal. Inclusive faço isso às vezes, mas tenho tentado fazer sempre menos.
Não que não seja legal tentar visualizar como, onde, com quem estaremos daqui a um, dois, três, cinco, dez anos. É legal, e acho que até deve ser feito, desde que não se viva o hoje em razão desse futuro. Ou melhor, desde que não se viva o hoje de modo metódico e, como que cumprindo um cronograma, para se chegar onde se deseja no futuro.
Se quero algo, quero agora. Sabedor de que obter esse objeto de desejo agora não é possível, deixo para depois, e posso até determinar um tempo para que obtenha isso, ou determinar uma data para que algo ocorra. Mas isso não muda o fato de eu querer agora.
É importante deixar claro que não vejo nenhum problema em fazer planos. Nenhum mesmo. Ao contrário. Acho o máximo. Sério. Eu inclusive, estou planejando fazer um tipo de aventura, viagens de observação, só eu, uma mochila com algumas coisas e a câmera fotográfica. Chegar aos lugares e ir onde quiser ir, onde as conversas com os moradores locais me levarem. Nada de guias ou listas de “pontos turísticos” a se visitar. A intenção, inclusive, é não visitar metrópoles e locais cheios de turistas. Aliás, se alguém quiser, cabe mais um(a) na indiada, mas só mais um(a), pois três já vira gandaia.
Deixando de lado os meus planos e voltando ao tema do post, o problema não está nos planos. O problema, creio eu, está em viver os planos e viver para os planos, viver para o futuro, viver para um futuro que não se sabe se irá existir. As escolas fazem isso. As escolas ensinam para o futuro, preparam para o futuro. Talvez esteja aí a razão, ou uma das principais razões, para o pouco interesse dos jovens.
Assim sendo, de tudo o que falei até aqui, fica uma certeza para mim. Não devemos ignorar o fato que ocorre repentinamente, em um segundo. Ele pode trazer a mudança que nos fará percorrer outras estradas e conhecer o desconhecido. Eu e a minha querida amiga conversamos brevemente sobre isso. Muito brevemente. E o assunto surgiu, não foi programado. Foi uma das coisas que mais me marcou nos últimos dias.

PS: sobre o meu plano aí de cima, nele não está incluída a data em que ocorrerá. Quando surgir a oportunidade, será a hora.

PS 2: passo por um momento de sucessivas reflexões a respeito da vida. Estou quase me tornando um transcendentalista. Perdoem a minha chatice por esses dias.