sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Não fui e não vou
Não. Eu não fui e não vou à Feira do Livro de Porto Alegre. E isso não é por não gostar de livros, de ler, do Centro, da movimentação ou do calor. Não vou à Feira do Livro exatamente pelo que ela é: uma feira do livro. Ela não é uma feira de literatura, com atrações culturais, debates, eventos e atividades. Ela é uma feira do livro. Uma feira onde se compram e se vendem livros, só isso. O mais tradicional “evento cultural” da capital gaúcha se tornou no maior evento comercial da cidade. O que importa é vender e vender. Não importa o que e para quem. Importa vender. Isso é claro quando o sucesso da feira é medido pelo número de livros vendidos, sendo que a grande maioria destes são de culinária, auto-ajuda e mais algumas bobagens. O preço não é um chamativo. Livros que custam R$ 30,00 em uma livraria no shopping, saem por R$ 28, no mínimo, na feira. Juntamos a isso o enorme número de pavões que passam o ano sem tocar em um livro e só vão à feira para aparecer, dar entrevistas e encher o saco. A feira do livro de Porto Alegre não é um evento cultural. É, sim, um evento comercial e social. Somente isso. Como estou sem grana e não tenho tempo de fazer um social, não irei.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
As vaias do Maracanã
Quem assistiu ao jogo de ontem à noite da seleção brasileira contra o Equador viu um primeiro tempo sonolento e um segundo tempo muito bom do Brasil. O fato que chamou a atenção foram as constantes vaias da torcida, começando aos 6 minutos de jogo. Creio que existe uma explicação para isso: o público que vais aos estádio assistir os jogos da seleção não é um público habitual do futebol. Quem comparece aos jogos da seleção são aquelas pessoas que normalmente não vão aos estádios, em razão da violência, do tipo de pessoas que comparecem e de outras tantas causas e preferem ficar em casa, no conforto do ar condicionado, com uma cerveja na mão e vendo jogo passando na TV, e , quando vão ao ver o jogo ao vivo, querem assistir ao espetáculo que a imprensa diz que a seleção vai dar. Como não enxerga isso, vaia. O cara que vai normalmente aos estádio torcer para o seu time não vai aos jogos da seleção, principalmente porque o ingresso é muito caro. A bobagem criada pelo Galvão Bueno do "jogo das famílias" foi uma das maiores excrescências da imprensa esportiva brasileira dos últimos anos. Durante a transmissão, o narrador da Globo chegou a afirmar que é desse público que o futebol brasileiro precisa, das famílias, das pessoas de bem. Ou seja, para o Galvão, quem só vai aos estádios em jogos da seleção porque o ingresso é caro, porque o público é mais selecionado, e que aos 6 minutos de jogo já vaia o time, são as pessoas de bem. O cara que trabalha a semana toda, de Sol a Sol, deixa faltar comida na mesa da família para ir torcer para seu time de coração não é uma pessoa de bem. Ontem foi duro de assistir a isso e continuar vendo o jogo normalmente. Parafraseando o Romário: o Galvão calado é um poeta.
PS: em determinado momento da transmissão, quando Ronaldinho deu um drible na lateral do campo e ia em direção ao gol o Galvão soltou essa: "Agora ele até pode perder a bola, já fez o que a torcida quer ver". Ou seja, não precisa fazer o gol, basta dar dribles laterais e levantar a massa.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
O resto é acessório
Estava pensando eu o que realmente significaria a formatura da faculdade. O fim de uma etapa da vida? Talvez. O início de outra? Quem sabe. O momento no qual passamos a ser profissionais? Quiçá. Toda estas possibilidade são válidas, entretanto, não tenho a menor dúvida que o maior significado para mim dessa formatura é o seguinte: pela primeira vez na vida vou deixar de ser estudante e, assim, não estenderei mais mão para o cobrador do ônibus para lhe passar a carteirinha escolar.
Isso sim é uma mudança real e significativa. Não sei quanto tempo vou demorar para me acostumar a não fazer o gesto de pôr a mão no bolso e pegar aquele "documento" amassado e surrado já no final do ano. Acabarão as regalias de estudante. Meia-entrada em cinemas, teatros, jogos de futebol, desconto na passagem de ônibus, entre outros, nunca mais, ou somente depois em um futuro mestrado.
Para mim, esse é o principal significado prático da formatura: ter que pagar passagem integral no ônibus. O resto é acessório.
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