sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sobre o jornalismo

Não tenho escrito muita coisa por aqui. Falha minha talvez, um pouco de preguiça quem sabe, falta de assunto possivelmente. Até agora 2009 tem sido um ano bem bom. Bastante atividade no trabalho, tenho produzido bastante e ideias novas surgem com muita regularidade. Algumas surpresas muito boas e grandes expectativas para os próximos meses.
Não vou para o Litoral nesse verão e acho que ficando em Porto Alegre acabo descansando mais. O jornalismo diário fez com que algumas utopias em relação à profissão fossem deixadas de lado. A realidade é bem mais crua. É preciso produzir todos os dias, não há tempo para muitas divagações e grandes aprofundamentos. A satisfação de ter escrito uma matéria de abertura de 4 mil caracteres, com foto na capa, acaba no momento em que a pauta do dia seguinte é passada.
Entretanto, cabe ressaltar que me surpreendi muito positivamente em relação à prática da profissão. Pelo menos no veículo onde trabalho, tenho uma considerável liberdade para propor pautas, algumas, eu diria até, bastante “subversivas”, como diria aquele mestre. Existe uma certa satisfação na chefia imediata e em mim também quando a assessoria de comunicação de um órgão público liga reclamando da matéria que foi publicada, fato que já ocorreu diversas vezes. O compromisso continua sendo com o leitor e com a mais ferrenha fidelidade com a verdade factual. É lógico que na maioria das vezes se faz necessário ouvir o lado que é alvo da reclamação popular, até para que o leitor e a população saiba o que está ou o que não está sendo feito. Mas esse espaço, o da voz oficial, sempre tem der ser o estritamente necessário para que uma satisfação à sociedade seja dada. Enfim, estou gostando bastante. Não é nem aquela maravilha ideal com que sonhávamos quando estudantes, nem aquele sepulcro do jornalismo que achávamos que era. É a realidade, a força dos minutos e do dia-a-dia impedem que algo muito melhor seja feito, mas isso não é motivo para que não se tente fazê-lo. É isso.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Jornalista tem de ter lado


“Jornalistas devem estar ao lado dos que mais sofrem. Se nos mandassem cobrir o tráfico de escravos no século 18, não deveríamos dar o mesmo tratamento às opiniões do escravo e às do capitão do navio mercador de escravos. Se nos mandassem cobrir a libertação, num campo de concentração nazista, não deveríamos dar o mesmo tratamento às vítimas e ao porta-voz da SS”.

Robert Fisk, jornalista inglês

* Extraído do RS Urgente

domingo, 4 de janeiro de 2009

Bastidores

Jornalistas sentados. Câmeras e gravadores ligados. Canetas rabiscando bloquinhos de papel. Importante autoridade da segurança pública do Estado dando uma entrevista coletiva para apresentar o balanço das atividades do ano de 2008. A certa altura da convers, uma jornalista questiona a autoridade sobre alguns números relativos à criminalidade. Não sabendo dos dados no momento, a autoridade olha para um dos jornalistas presentes, repórter de um conceituadíssimo jornal do Rio Grande do Sul, e diz:
- O fulano aqui fez uma matéria essa semana apresentando esses números. Beltrana! (chamando a assessora de imprensa). Tira uma cópia daquela matéria que ele fez com os números, recorta o quadro com os dados que tem nela e dá para a nossa amiga jornalista aqui, que ela quer saber quais são os números exatos.

Moral da história: Matéria jornalística servindo de material de divulgação, release, ou seja qual for o nome que quiserem dar, para órgãos públicos. Os dados foram divulgados em primeira mão pelo jornal, uma semana antes da apresentação do balanço oficial. Tirem suas próprias conclusões.