Vinte e cinco porcento dos homicídios no Rio de Janeiro são praticados por policiais. O dado faz parte da pesquisa "Áreas de concentração de violência no município do Rio de Janeiro" realizada pelas pesquisadoras do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Rute Imanishi e Patricia Rivero. No dia 2 de junho as pesquisadoras irão falar com a imprensa sobre o estudo.
Policiais sendo resposáveis por 1/4 dos homicídios em uma cidade. Isso é o que podemos chamar de crime organizado.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Sabedoria > Conhecimento
Não sou de postar as reportagens que faço para o Jornal do Comércio aqui. Gosto de ver o Alça de Mira como um espaço em que eu me liberto das amarras de tudo o que envolve o jornalismo diário em um grande jornal. Não pretendo misturar as coisas. Porém, como sei que a maioria dos amigos que passam por aqui não costumam ler o JC, reproduzirei a seguir uma matéria minha que está na edição de hoje do jornal. Abro a exceção, e provavelmente abrirei outras com o tempo, em razão de ter gostado bastante deste texto. Principalmente pela lição que o velho pescador do Guaíba, mesmo sem sequer ter chegado à metade do Ensino Fundamental, dá para todos nós. Sabedoria é mais importante do que conhecimento. Vamos lá então, segue o texto.
Pescadores limpam um lago que pede socorro
Por Juliano Tatsch
O vento gelado, fraco, mas constante, não espantou os pescadores que, em cerca de 40 embarcações, realizaram ontem o descarregamento do lixo coletado na terça e na quarta-feira no lago Guaíba. Pneus, sofás, bolas de futebol, garrafas e sacolas plásticas, sapatos de todos os tipos, monitores de computador e até uma perna mecânica eram alguns dos detritos que foram encontrados nas águas.
“Isso que vocês estão vendo aqui hoje nós vemos todos os dias, quando percorremos o Guaíba em nossos barcos. É uma grande injustiça com o nosso lago, que nos dá tanta coisa. O pescador sofre. Quando chove, nossas redes ficam cheias de lixo. Temos prejuízo tanto em relação ao equipamento, que se danifica, quanto aos peixes que não pegamos. Apesar disso, ainda tem peixe no nosso Guaíba - bem menos do que antes, é claro. Hoje eu levo duas semanas para pegar o que eu pegava em uma noite”, afirma Osmar Lisboa da Silva, 72 anos, pescador desde os 14. Conforme Silva, os pescadores fazem esse trabalho de limpeza das águas diariamente. “Nós vamos recolhendo o lixo que encontramos pelo caminho e armazenamos nas nossas casas. Quando o caminhão vem, recolhe tudo”, diz.
A expectativa era de que seis toneladas de lixo fossem tiradas das águas. O mutirão Pescando Lixo, Salvando os Rios foi promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e pela Colônia de Pescadores Z-5 com o apoio do projeto Rumo/Veleiros do Sul e faz parte das atividades da Semana Estadual do Meio Ambiente, que seguem até o dia 5 de junho. Para o titular da Sema, Berfran Rosado, a conscientização da população é primordial. “No resto do ano, o trabalho depende da ação de todas as pessoas, não só do governo. Precisamos somar esforços do Estado com os municípios e com a comunidade. A responsabilidade é compartilhada. A sociedade tem de fazer a sua parte, mudando seus hábitos, sua postura. Além disso, é preciso intensificar as atividades de fiscalização”, enfatiza.
Os resíduos foram colocados em sacos plásticos e descarregados na prainha da Usina do Gasômetro, onde foram recolhidos por um caminhão do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). Para o experiente pescador, o lago é uma extensão da própria casa, uma parte da própria vida. “Há 58 anos eu percorro estas águas de ponta a ponta. Eu vi um Guaíba vivo. Hoje eu vejo um Guaíba agonizando, pedindo socorro todos os dias. É triste ver o modo como as pessoas tratam o nosso lago. Elas não estão destruindo somente o Guaíba, estão destruindo o futuro de seus filhos e netos”, diz, colocando sapatos dentro de um saco preto.
Pescadores limpam um lago que pede socorro
Por Juliano Tatsch
O vento gelado, fraco, mas constante, não espantou os pescadores que, em cerca de 40 embarcações, realizaram ontem o descarregamento do lixo coletado na terça e na quarta-feira no lago Guaíba. Pneus, sofás, bolas de futebol, garrafas e sacolas plásticas, sapatos de todos os tipos, monitores de computador e até uma perna mecânica eram alguns dos detritos que foram encontrados nas águas.
“Isso que vocês estão vendo aqui hoje nós vemos todos os dias, quando percorremos o Guaíba em nossos barcos. É uma grande injustiça com o nosso lago, que nos dá tanta coisa. O pescador sofre. Quando chove, nossas redes ficam cheias de lixo. Temos prejuízo tanto em relação ao equipamento, que se danifica, quanto aos peixes que não pegamos. Apesar disso, ainda tem peixe no nosso Guaíba - bem menos do que antes, é claro. Hoje eu levo duas semanas para pegar o que eu pegava em uma noite”, afirma Osmar Lisboa da Silva, 72 anos, pescador desde os 14. Conforme Silva, os pescadores fazem esse trabalho de limpeza das águas diariamente. “Nós vamos recolhendo o lixo que encontramos pelo caminho e armazenamos nas nossas casas. Quando o caminhão vem, recolhe tudo”, diz.
A expectativa era de que seis toneladas de lixo fossem tiradas das águas. O mutirão Pescando Lixo, Salvando os Rios foi promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e pela Colônia de Pescadores Z-5 com o apoio do projeto Rumo/Veleiros do Sul e faz parte das atividades da Semana Estadual do Meio Ambiente, que seguem até o dia 5 de junho. Para o titular da Sema, Berfran Rosado, a conscientização da população é primordial. “No resto do ano, o trabalho depende da ação de todas as pessoas, não só do governo. Precisamos somar esforços do Estado com os municípios e com a comunidade. A responsabilidade é compartilhada. A sociedade tem de fazer a sua parte, mudando seus hábitos, sua postura. Além disso, é preciso intensificar as atividades de fiscalização”, enfatiza.
Os resíduos foram colocados em sacos plásticos e descarregados na prainha da Usina do Gasômetro, onde foram recolhidos por um caminhão do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). Para o experiente pescador, o lago é uma extensão da própria casa, uma parte da própria vida. “Há 58 anos eu percorro estas águas de ponta a ponta. Eu vi um Guaíba vivo. Hoje eu vejo um Guaíba agonizando, pedindo socorro todos os dias. É triste ver o modo como as pessoas tratam o nosso lago. Elas não estão destruindo somente o Guaíba, estão destruindo o futuro de seus filhos e netos”, diz, colocando sapatos dentro de um saco preto.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Confiança
Estava eu em pé no ônibus agora há pouco, retornando para casa após o trabalho, quando ouço a seguinte frase:
"Não dá para confiar na imprensa".
Quem disse foi uma mulher que conversava com outra, ambas sentadas nos bancos atrás de mim. Não tenho ideia do teor da conversa. Apenas ouvi essa frase.
Confesso que no momento fiquei um pouco chateado. Mas, enfim, é a opinião delas. Agora, pensando um pouco mais no assunto, cheguei a conclusão de que há alguma coisa muito errada em um país em que as pessoas não confiam no Executivo, não confiam no Legislativo, não confiam no Judiciário e não confiam na imprensa, que tem como principal papel fiscalizar os três poderes anteriores.
Deixo a resposta para os sociólogos e antropólogos de plantão.
"Não dá para confiar na imprensa".
Quem disse foi uma mulher que conversava com outra, ambas sentadas nos bancos atrás de mim. Não tenho ideia do teor da conversa. Apenas ouvi essa frase.
Confesso que no momento fiquei um pouco chateado. Mas, enfim, é a opinião delas. Agora, pensando um pouco mais no assunto, cheguei a conclusão de que há alguma coisa muito errada em um país em que as pessoas não confiam no Executivo, não confiam no Legislativo, não confiam no Judiciário e não confiam na imprensa, que tem como principal papel fiscalizar os três poderes anteriores.
Deixo a resposta para os sociólogos e antropólogos de plantão.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Uma aula para entender a "epidemia" do crack
No início da noite de ontem foi lançada mais uma campanha de combate ao uso de crack no Rio Grande do Sul. O prédio do Ministério Público, ali na Praça da Matriz recebeu dezenas de políticos, representantes de ONGs, autoridades e profissionais da imprensa. Sem dúvida nenhuma, de todas as coisas que foram ditas lá, as mais interessantes foram as proferidas pelo rapper e escritor MV Bill. Sentado em frente aos engravatados da plateia, ele disse a todos a razão do crack ser um tema que causa tanta preocupação hoje aos governos e tão debatido pela mídia.
“Enquanto a droga era consumida somente pelas classes mais baixas, pelos pobres e favelados, o problema se manteve lá, nas favelas, nas periferias. Depois que passou a ser usada pelas classes mais altas, por jovens brancos universitários, ele se transformou em uma epidemia nacional e somente aí passou a haver uma mobilização da sociedade para combatê-la. O grande erro foi esse. Se o problema tivesse sido combatido lá na periferia, lá nas favelas, lá nas vilas, os estragos teriam sido muito menores”, disse.
De acordo com um estudo realizado pela Cufa-RS, levando em consideração os dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que estima que 55 mil pessoas sejam usuárias de crack no Estado, o Rio Grande do Sul tem um consumo anual de 24,5 toneladas da droga, o que movimenta um valor de R$ 495 milhões por ano. O crack causa a dependência 8 vezes mais rápido do que a cocaína. De março de 2007 até março de 2009 houve a apreensão de 308,5 quilos da droga em território gaúcho.
“O grande problema é a composição da droga, seu baixo preço e a alta capacidade de destruição. A grande falha foi deixar a situação chegar nesse ponto. O impacto é muito grande, pois estamos lidando com perdas. Os traficantes cariocas lutaram muito para o crack não chegar ao Rio. Eles sabem que a droga mata rapidamente e, assim, eles acabam perdendo a clientela. O trabalho de prevenção tem de estar na pauta. O trabalho punitivo, depois da situação estabelecida, é muito mais complicado, custoso e dificilmente fará o dependente largar a droga”.
Imagem: AMP/RS
“Enquanto a droga era consumida somente pelas classes mais baixas, pelos pobres e favelados, o problema se manteve lá, nas favelas, nas periferias. Depois que passou a ser usada pelas classes mais altas, por jovens brancos universitários, ele se transformou em uma epidemia nacional e somente aí passou a haver uma mobilização da sociedade para combatê-la. O grande erro foi esse. Se o problema tivesse sido combatido lá na periferia, lá nas favelas, lá nas vilas, os estragos teriam sido muito menores”, disse.
De acordo com um estudo realizado pela Cufa-RS, levando em consideração os dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que estima que 55 mil pessoas sejam usuárias de crack no Estado, o Rio Grande do Sul tem um consumo anual de 24,5 toneladas da droga, o que movimenta um valor de R$ 495 milhões por ano. O crack causa a dependência 8 vezes mais rápido do que a cocaína. De março de 2007 até março de 2009 houve a apreensão de 308,5 quilos da droga em território gaúcho.
“O grande problema é a composição da droga, seu baixo preço e a alta capacidade de destruição. A grande falha foi deixar a situação chegar nesse ponto. O impacto é muito grande, pois estamos lidando com perdas. Os traficantes cariocas lutaram muito para o crack não chegar ao Rio. Eles sabem que a droga mata rapidamente e, assim, eles acabam perdendo a clientela. O trabalho de prevenção tem de estar na pauta. O trabalho punitivo, depois da situação estabelecida, é muito mais complicado, custoso e dificilmente fará o dependente largar a droga”.
Imagem: AMP/RS
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