sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uma aula para entender a "epidemia" do crack

No início da noite de ontem foi lançada mais uma campanha de combate ao uso de crack no Rio Grande do Sul. O prédio do Ministério Público, ali na Praça da Matriz recebeu dezenas de políticos, representantes de ONGs, autoridades e profissionais da imprensa. Sem dúvida nenhuma, de todas as coisas que foram ditas lá, as mais interessantes foram as proferidas pelo rapper e escritor MV Bill. Sentado em frente aos engravatados da plateia, ele disse a todos a razão do crack ser um tema que causa tanta preocupação hoje aos governos e tão debatido pela mídia.

“Enquanto a droga era consumida somente pelas classes mais baixas, pelos pobres e favelados, o problema se manteve lá, nas favelas, nas periferias. Depois que passou a ser usada pelas classes mais altas, por jovens brancos universitários, ele se transformou em uma epidemia nacional e somente aí passou a haver uma mobilização da sociedade para combatê-la. O grande erro foi esse. Se o problema tivesse sido combatido lá na periferia, lá nas favelas, lá nas vilas, os estragos teriam sido muito menores”, disse.

De acordo com um estudo realizado pela Cufa-RS, levando em consideração os dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que estima que 55 mil pessoas sejam usuárias de crack no Estado, o Rio Grande do Sul tem um consumo anual de 24,5 toneladas da droga, o que movimenta um valor de R$ 495 milhões por ano. O crack causa a dependência 8 vezes mais rápido do que a cocaína. De março de 2007 até março de 2009 houve a apreensão de 308,5 quilos da droga em território gaúcho.

“O grande problema é a composição da droga, seu baixo preço e a alta capacidade de destruição. A grande falha foi deixar a situação chegar nesse ponto. O impacto é muito grande, pois estamos lidando com perdas. Os traficantes cariocas lutaram muito para o crack não chegar ao Rio. Eles sabem que a droga mata rapidamente e, assim, eles acabam perdendo a clientela. O trabalho de prevenção tem de estar na pauta. O trabalho punitivo, depois da situação estabelecida, é muito mais complicado, custoso e dificilmente fará o dependente largar a droga”.

Imagem: AMP/RS

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