Não ia me manifestar sobre isso, mas resolvi dizer alguma coisa. Não há como negar que a decisão do STF me deixou um pouco chateado. Para quem usou e usa os anos de faculdade para realmente se enriquecer culturalmente, adquirir uma bagagem teórica consistente e, acima de tudo, pensar em jornalismo, nas suas consequências, na responsabilidade e nos compromissos de quem trabalha na área, a decisão é um pouco frustrante. Acho que o argumento de que a maior parte dos jornalistas é desinformado e que, quando escreve sobre um assunto que não domina, acaba falando bobagem, não é valido. Esse profundo conhecimento que um bacharel em Direito teria para fazer uma entrevista com um jurista famoso, por exemplo, faz com que esse “jornalista” da prática não tenha algo essencial para a prática da profissão: humildade. O argumento da liberdade de expressão é mais racional e aceitável.
Não gostaria de trabalhar em uma redação repleta de advogados, psicólogos, médicos, economistas, sociólogos, e todos os outros sabidões existentes. Daqui a pouco não será preciso nem mais se fazer entrevistas, pois o próprio “jornalista” será entrevistador e entrevistado.
Enfim, na real, acho que não vai mudar quase nada. Primeiro porque os veículos de comunicação vão continuar buscando seus profissionais amestrados tecnicamente nas escolas de jornalismo. Os jovens focas são perfeitos para o que eles precisam. Segundo, porque não creio que qualquer um desses outros profissionais que citei anteriormente trabalharia por R$ 1.314,00 mensais. Colegas, tranquiliza-vos, portanto.
4 comentários:
Acho esse argumento da liberdade de expressão uma das maiores falácias que vi em minha vida.
Acho esse argumento da liberdade de expressão uma das maiores falácias que vi em minha vida. [2]
E concordo contigo, em termos práticos muda muito pouco, ao menos no primeiro momento. Mas que essa (mais uma) desvalorização que sofre a profissão me deixa chateado, não resta dúvida. E a festa (pouco) contida dos tubarões jornalísticos ao saberem da medida só mostra que tem gente ouvindo o galo cantar sem saber onde...
É verdade, mudará pouco. O que não me anima muito, mas enfim.
Mas ver William Bonner e Fátima Bernardes falando com um sorrisaço no rosto que a Globo "considera sensata" a decisão, apesar de não me surpreender, me enoja. Fosse o mestre Canali teria batido o pé, não lido e sido demitido com honra.
Sim, o argumento da liberdade de expressão vindo das empresas que contêm o monopólio da comunicação é bem lamentável mesmo.
Agora, falei com o natusch sobre isso, espero que eles tenham dado um tiro no pé, porque não necessariamente as coisas piorem. Alguns dos mais velhos, por exemplo, acreditam que isso pode mudar o caráter dos sindicatos, das máquinas emperradas que são hoje pra algo mais atuante, porque em alguma coisa as pessoas vão ter que se agarrar, já que o diploma não garante mais nada.
E falando em Fátima Bernades e William Bonner, bem provável diminua agora o número de jovenzinhos dispostos a entrar no curso para virarem apresentadores do JN ou coisas do tipo. Perdeu um pouco o glamour, digamos assim, o que pessoalmente não considero nada ruim...
Mas a discussão é longa, e como também não me seguro, não demora darei meu pitaco no meu blog também...
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