Antes de saber andar de bicicleta eu tinha medo de tentar aprender. Isso se dava porque eu sabia que se seu subisse na bicicleta sem saber andar e, mesmo assim, tentasse andar, eu iria cair e, em algumas vezes, iria me machucar. Por um bom tempo evitei me aproximar daquilo que eu desejava tanto com medo de que aquele objeto de desejo me machucasse e me causasse dor.
Enquanto isso, eu via meus amigos tentando aprender também a se equilibrar sobre as duas rodas e a andar de bicicleta. Eu vi muitos deles caírem e se machucarem. Eu vi a bicicleta causar choro em quase todos eles. E eu pensava comigo mesmo, que aquilo não iria ocorrer comigo. Eu não iria me machucar. Eu não iria cair da bicicleta. Eu não iria chorar por causa daquilo que eu tanto queria.
Com o tempo, porém, eu vi meus amigos caírem menos, e pouco tempo depois, caiam ainda menos, e muito pouco tempo depois, não caiam mais. E também vi que alguns deles caiam uma ou duas vezes e paravam de cair, já saiam andando, enquanto outros sofriam muito mais percalços durante os seus processos de aprendizagem. E então, em muito pouco tempo, eu vi que todos os meus amigos sabiam andar de bicicleta e vi como eles se divertiam com aquilo. Vi como aquilo lhes dava alegria. Uma alegria que suplantava em muito todo o sofrimento que eles tiveram até conseguir dominar a arte de andar de bicicleta. E percebi que a bicicleta daria alegrias para eles por todo o resto de suas vidas. E foi aí que eu tive uma das primeiras grandes lições da minha vida. Foi aí que eu aprendi que um tombo de bicicleta que eu sofresse, seria um tombo a menos que eu iria sofrer. Foi aí que eu aprendi que um choro em razão de um machucado, seria um choro a menos que eu iria chorar. Foi aí que eu aprendi que o sofrimento faz parte do caminho para se aprender e se obter as coisas as quais nós desejamos. E que esse sofrimento varia, podendo ser maior para algumas coisas e menor para outras ou que mesmo para a mesma coisa ele poderia variar, dependendo da ocasião. A vontade de aprender a andar de bicicleta e as alegrias, os sorrisos, os momentos inesquecíveis que eu iria passar junto dela era e seriam incomparavelmente maiores do que os riscos que eu correria ao tentar conseguir o que eu queria conseguir. Foi aí que eu aprendi que, em razão do medo, eu nunca deveria deixar de fazer algo que eu desejasse muito fazer. As quedas anteriores só me ensinaram. Com as quedas anteriores eu aprendi como não cair. E, depois que eu aprendi, eu nunca mais cai de bicicleta. Eu passei a me antecipar às quedas iminentes e, assim, evitei-as. A bicicleta nunca mais me causou sofrimento e dor. No máximo, eu tive alguns desequilíbrios, mas nunca mais sofri um tombo feio. Nunca mais.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Sobre como a superior sabedoria feminina faz dos homens pobres coitados simplórios (ou O Amor (in) Condicional)
- “E se eu fosse aí te buscar?”, perguntou ele, com o característico tom vocal adocicado de quem se diz apaixonado.
- “Bom, daí talvez eu fosse com você”, ela respondeu, com um ar um tanto quanto blasé.
Confuso, ele a questionou novamente.
- “Como assim ‘talvez’? Você viria comigo ou não?.”
Com a tranquilidade no rosto e a sabedoria que ele não tinha, ela esclareceu.
- “É simples. ‘Se’ você vier me buscar, ‘talvez’ eu vá com você. Agora, você vem me buscar e eu vou com você. Não posso dar certeza para quem coloca seu amor no condicional.”
Conversa encerrada.
- “Bom, daí talvez eu fosse com você”, ela respondeu, com um ar um tanto quanto blasé.
Confuso, ele a questionou novamente.
- “Como assim ‘talvez’? Você viria comigo ou não?.”
Com a tranquilidade no rosto e a sabedoria que ele não tinha, ela esclareceu.
- “É simples. ‘Se’ você vier me buscar, ‘talvez’ eu vá com você. Agora, você vem me buscar e eu vou com você. Não posso dar certeza para quem coloca seu amor no condicional.”
Conversa encerrada.
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