Foi quando percebeu que já não havia mais o que ser feito, que ele se acalmou. Era inevitável. Ocorreria independentemente do que fizesse ou deixasse de fazer. Sequer demoraria muito. Uma semana ou duas no máximo. Nessa noite, dormiu o sono mais tranquilo e profundo dos últimos dois anos.
Uma amiga estava com ele no quarto quando recebeu a notícia.
Os familiares deixaram de visitá-lo já faziam três meses. Sentiram-se ofendidos
quando ele disse que, se não queriam estar ali, não deveriam estar e, se não
deveriam estar, ele não permitiria que estivessem. Como todos realmente não
queriam, aproveitaram a deixa e partiram para não voltar mais.
Eram amigos há pouco tempo. Uns três anos, mais ou menos.
Trabalharam juntos por um período, mas ela recebeu um convite tentador de uma
empresa concorrente e saiu depois de pouco mais de seis meses de trabalho.
Isso, porém, não fez com que se distanciassem. Ao contrário, ao não trabalharem
juntos, tinham mais assunto quando se falavam e nunca ficavam com tédio quando
estavam um com o outro.
O diagnóstico final foi dado por um médico rechonchudo de
bochechas rosadas, cabelo ralo e óculos de aros grossos na ponta do nariz. Segurou
a sua mão magra. A pele enrugada e áspera, as veias saltadas. Pôde sentir os
ossos finos. Parecia que se quebrariam a qualquer aperto mais forte.
Ele todo era apenas uma imagem apagada daquele homem que um
dia fora. Já não tinha mais forças para se levantar sozinho da cama. Circulava
pelos corredores e tomava seu banho de sol diário sentado na cadeira de rodas.
Perdera trinta quilos desde que recebera o diagnóstico. Alimentava-se por
sonda. O câncer no estômago aniquilara com a figura sempre disposta, atlética e
divertida de outrora.
Foi tudo muito rápido. Era uma terça-feira quando sentiu um
mal-estar digestivo no meio da tarde quando estava no trabalho. Se automedicou
e foi para casa já um pouco melhor. No dia seguinte, pela manhã, não conseguiu
tomar o café reforçado com leite, pão e frutas. Tomara um iogurte apenas.
Passara a quarta e a quinta-feira assim. Na sexta, resolveu ir ao hospital. Fez
alguns exames clínicos e viu nos olhos do médico que lhe atendia um ar de
hesitação. Foi para casa e, no sábado pela manhã, recebeu uma ligação pedindo
que retornasse ao hospital para que mais exames fossem feitos. Estranhou a
urgência, mas foi. Testes de imagem, primeiro, e uma biópsia, depois. Era
melhor que passasse a noite ali, em observação, lhe disse o doutor. Ficou sem
muitos questionamentos. Não havia ninguém lhe esperando em casa mesmo. Na tarde
de domingo, pouco depois das cinco horas, três médicos entraram no quarto. As
faces tentando esconder algo. Enquanto falavam em tom de tristeza, tentavam
transmitir um otimismo que ele percebia que não sentiam. Nunca soubera de um
caso de câncer sequer na família. Fora o premiado. Tinha 34 anos.
Era um homem jovem, o tumor era pequeno, não parecia muito
agressivo. A equipe médica lhe dizia que um câncer sempre é ruim, mas, se fosse
para ter, que ocorresse sempre assim. Ele iria se curar. As chances eram
superiores a 90%.
O problema é que ele nunca estivera entre os 90%. Sempre
fizera parte dos 10%. Na maioria das vezes, dos 10% melhores. Seja na escola,
no vestibular, na faculdade, nas aulas de língua estrangeira, seja nas
avaliações no trabalho ou nas estatísticas obtidas em testes cientificamente
questionáveis da internet. Desta vez, não era diferente. Estava entre os 10%.
Durante dois anos inteiros, se submeteu aos mais torturantes
tratamentos. Tudo o que a medicina tinha para oferecer, passou pelo seu corpo.
Um amigo insistiu para que fosse a um médium que incorporava o espírito de um
médico alemão e fazia cirurgias milagrosas. Cético como sempre fora, recusou a
sugestão. Não desacreditava de todo em milagres. Jamais entenderia, porém, como
uma pessoa deixaria um maluco qualquer se dizendo incorporado por um espírito
de um médico que vivera em uma época em que não se sabia quase nada sobre
doenças enfiar tesouras pelo seu nariz à procura de um tumor. Estava morrendo,
mas não perdera a razão.
A medicina, que, para tentar curá-lo, o massacrou durante
tanto tempo, foi incapaz de evitar a sua morte. Tão jovem. Jazia na cama do
hospital. Fraco, era um rascunho daquele que um dia fora. Um resto mastigado e
cuspido fora. Vivia uma semivida, uma vida de mentira.
Agora, porém, tudo isso havia passado. Já não alimentava
esperanças de cura. Não iria se safar desta. Morreria. Perderia a batalha
contra a doença que tanto o maltratou. Fora uma adversária difícil. Aquele
câncer que iria matá-lo fora atacado de todas as formas, por todos os lados, em
todos os momentos. E resistira. Fraquejara em alguns momentos, mas voltara
ainda mais obstinado. Fora bombardeado por tudo o que o conhecimento humano
descobrira e criara para eliminá-lo e não fora derrotado. Era um inimigo
valente, corajoso e, sobretudo, forte. Ele respeitava aquele câncer. Aprendeu a
respeitá-lo. Não raro, se via conversando com o tumor que lhe deixara naquele
estado, que lhe fizera tanto mal. Acostumara-se a ele. Tornaram-se parceiros de
uma jornada longa e dolorosa, mas que somente eles sabiam realmente o que ela
representava. Para ambos.
A doença havia lhe proporcionado um estado de lucidez que
nunca experimentara antes. Distinguia muito bem todas as coisas. Sem a
perspectiva de um futuro, já não mais vivia o momento em razão do que estava
por vir. Apenas vivia o momento. Era o instante em si que importava, e não mais
o que ele representaria para o dia seguinte.
Acordou bem cedo na primeira manhã após o definitivo anúncio
do fim. Pediu para uma enfermeira buscar na cantina no térreo um café da manhã
dos campeões. Suco de laranja, torradas com mel, iogurte natural, uma
omelete e mamão fresco. Não era política do hospital servir refeições especiais
para paciente algum, mas aquela enfermeira o acompanhava desde o diagnóstico.
Tornaram-se amigos. Muito amigos. Nessa relação, de um lado, ela cedia às
excentricidades dele, e, de outro, ele seguia às suas recomendações e cumpria
tudo o que era acertado no tratamento. Agora, além de ser um amigo, ele era um
amigo em fase terminal. Não havia motivos para lhe negar um belo desjejum
sempre que pedisse e pagasse.
Comeu com a sutil tranquilidade de quem já não se alimentava
para matar a fome, e sim para sentir os sabores em sua boca. Decidira ainda
naquela manhã que não mais comeria a papa insossa que o hospital lhe servia nas
refeições. Iria comer aquilo que tivesse vontade de comer, na quantidade que
quisesse comer. Sem restrições. A medicina não salvara a sua vida, e não seria
ela a lhe privar de comer uma gordurosa omelete de bacon com presunto e queijo
logo cedo. Não mesmo.
No decorrer de toda aquela jornada, sempre manteve viva a
esperança de que iria vencer a doença. Nunca deixou de acreditar. Levou a vida
com o câncer do mesmo modo com que levara toda ela antes do mal lhe colocar
naquela cama de hospital. Era um otimista. Sempre fora um otimista. Com seus
olhos míopes, via ao seu redor um mundo cheio de cores e de possibilidades. Era
tudo uma questão de acalmar os ânimos, respirar fundo, erguer a cabeça, e
seguir em frente.
A cada novo fracasso de um tratamento, dizia para si mesmo e
para a equipe médica que isso não era um problema, ao contrário. A conclusão de
que um medicamento falhara era uma porta que se abria e lhes deixava seguir
outro caminho. Um tratamento que não dava certo era um passo a mais em direção
à combinação de remédios e terapias que o iriam curar.
Tudo iria dar certo. Ao fim, tudo iria dar certo.
- Coisas boas passam. Coisas ruins também. Vamos com calma
que logo, logo os doutores vão achar a solução -, costumava dizer para a amiga
que estivera ao seu lado durante todo o tempo.
Ela, por sua vez, não compartilhava da percepção positiva do
amigo. Lera bastante sobre aquele tipo de tumor e conversara ainda mais com os
médicos. As perspectivas não eram boas. Em nenhum momento houve uma remissão do
câncer. O máximo de notícia boa que receberam foi de que a doença havia se
estabilizado. Mas isso durou pouco mais de dois meses. Depois, o tumor
continuou a crescer e se espalhar por outros órgãos.
Primeiro o fígado, depois o intestino, depois a bexiga e,
por fim, os pulmões. Um após o outro, foram sendo invadidos e corroídos. Agora,
ele respirava com dificuldade, uma sonda recolhia sua urina e uma bolsa
externa, suas fezes.
Nunca havia pensado na morte. Em nenhum momento. Só
racionalizou a respeito da possibilidade de morrer naquele fim de tarde em que
os médicos o desenganaram. A amiga se dispôs a passar a noite ali, ao seu lado,
mas ele não quis. Agradeceu a boa intenção, mas não quis. Precisava ficar
sozinho.
O grande hospital silenciara. Todo o vai e vem do dia
findava nas noites e madrugadas. Quando alguém caminhava pelo corredor, era
possível escutar de longe o barulho dos passos no piso. Era disso que ele
necessitava naquela noite. Silêncio para poder pensar.
Do que se tratara a sua vida? O que fizera dela? Como seria
lembrado depois que morresse? Fizera algo de único durante o tempo em que
caminhara pela Terra? Quem iria sentir a sua falta?
Quem iria sentir a sua falta?
Não tinha respostas convincentes para dar a si mesmo. A
vontade de se iludir com palavras que o fariam acreditar que tudo valera a pena
o seduzia. Morreria feliz e satisfeito. Teria tido uma vida plena.
Sozinho, ouvindo apenas seus pensamentos, ele sabia, porém,
que não havia motivos para se enganar. Tivera amigos, mas quase todos haviam
ficado pelo caminho. Tivera amores, mas nenhum permanecera. Um deles em
especial o marcara deveras. Foi bem curto. Do dia em que se conheceram ao dia
em que terminaram passaram pouco mais de cinco meses. Ela fora a melhor coisa
que acontecera na sua vida. Fora o toque de extraordinário em sua jornada até
então comum. Amara mais do que achara ser possível amar. Mas acabou. Levou
algum tempo para se recuperar daquilo. Quando estava livre de toda a culpa e de
toda a dor, a doença aparecera.
O câncer fez com que ela deixasse de habitar regularmente
seus pensamentos. Achava que a tinha esquecido. Não havia espaço para um amor
perdido em uma mente que lutava pela vida. Enganara-se, porém. Estava tão viva
e bela quando da última vez em que a tinha visto. Os mesmos cabelos negros, os
mesmos olhos castanhos, as mesmas mãos miúdas.
A morte próxima a fizera ressurgir em sua cabeça. A certeza
do definitivo fim trouxera calma às suas lembranças dos dias em que passaram
juntos. Percebera seus erros mais claramente e os dela também. Erraram ambos.
Fora um tolo, mas quem não o é quando se apaixona?
Pegou-se imaginando onde ela estaria agora, o que andava
fazendo, qual livro estava lendo, qual fora o último filme que vira, o que sonhara
na noite passada. Amava-a ainda e sentia-se bem ao pensar que ela estava melhor
e feliz sem ele.
Naquela noite, a noite em que o médico rechonchudo de
bochechas rosadas lhe disse que não havia mais nada que pudesse ser feito para
lhe salvar a vida, ele lembrou dela e percebeu que vivera um amor. O amor de
sua vida. Um grande amor. O perdera no meio do caminho, mas quantas pessoas
podem morrer com a certeza de que encontraram o amor da vida? Ele tinha. Desde
o dia em que recebera o diagnóstico do câncer no estômago, nunca tivera uma
noite de sono tão tranquila como aquela.
Nos dias que se passaram até a noite em que deixara de
respirar, tratou de fazer seus últimos momentos terem algum significado. Os aproveitaria na rua, procurando divertir-se o máximo possível.
Percebeu, porém, que, ao fazer isso, teria apenas alguma alegria passageira.
Uma diversão vazia. Não. Isso não daria um sentido aos seus derradeiros instantes na Terra.
Por mais que tentasse desviar sua atenção, fazer suas ideias
tomarem um rumo diferente, ele só conseguia pensar em uma coisa. Precisava
vê-la mais uma vez, uma única vez, uma última vez.
Sabia, no entanto, que sua condição de saúde o limitava. Sem
os equipamentos que o ajudavam a respirar, que faziam o trabalho que seus rins
já não conseguiam fazer, que controlavam seus batimentos cardíacos, não teria
muito tempo, algumas poucas horas, provavelmente.
Tinha, assim, em uma mão, a manutenção da sua vida e, na
outra, a plenitude da sua existência. Cada vez que o ponteiro do grande e
empoeirado relógio que ficava sobre a porta do quarto do hospital cruzava o
número doze, ele via-se mais próximo do fim. Perdera aquele minuto. Não havia
como recuperá-lo. Aquele minuto escapou por entre seus dedos esquálidos. Mal se
dera conta disso e outra fração de tempo se fora.
De súbito, ergueu-se da cama, descolou de sua pele pálida os
fios que o conectavam aos aparelhos e, demonstrando uma força que nem ele mais
imaginara ter, caminhou com passos firmes pelo corredor rumo à porta de saída
do hospital.
Estava decidido a não morrer deitado em uma cama estéril em
um quarto onde apenas sofrera. Não tivera um bom dia sequer ali. Aquele lugar
era sinônimo de sofrimento e dor. Não iria levar aquelas paredes e teto brancos
como imagem última gravada em suas retinas.
Existem certos momentos na vida de uma pessoa em que todas
as coisas – os astros, os deuses, os espíritos, as coincidências, enfim, toda a
sorte possível – conspiram ao seu favor. São poucas as vezes em que isso
ocorre. Para algumas pessoas, é um acontecimento único. Pois, para ele,
aconteceu naquela madrugada. Um assistente novato pegou no sono e não percebeu
quando, na tela do computador à sua frente, uma mensagem pipocava informando
que os aparelhos do quarto 221 haviam sido desconectados do paciente. Percorreu
os corredores sem encontrar uma viva alma, pois as equipes de enfermagem de
plantão tiveram de, às pressas, correr para tentar conter um paciente que
estava tendo um surto psicótico e gritava desesperadamente dizendo que
extraterrestres estavam chegando para lhe abduzir. Já no saguão, encontrara a
portaria vazia, visto que o guarda e a moça da cafeteria estavam dando uns amassos atrás do balcão.
Tudo deu certo. Saiu do hospital pela porta da frente com as
vestimentas de paciente sem
ser interpelado por ninguém. Tomou um ônibus, pulou
a catraca e contou com a compreensão de um senhor idoso que lhe cedeu o lugar
para dar fim ao constrangimento de ter um homem vestido com roupas de hospital –
abertas na parte de trás – em pé no corredor do coletivo.
Durante o caminho, tentou pensar em o que dizer quando
chegasse a hora. Fracassou miseravelmente. Estava tão elétrico, tão excitado,
tão cheio de adrenalina, que pensar em algo qualquer coisa, não era possível. Respirava rápido, transpirava por lugares que
sequer sabiam que transpiravam. Estalava os dedos, roía as unhas, batia os pés,
rangia os dentes, engolia em seco.
Cada ponto de ônibus que ficava para trás, era um ponto de
ônibus que estava mais perto do seu destino. Precisava se acalmar, mas não
queria ficar calmo. Sentia-se vivo. A morte já não lhe ameaçava.
Desembarcou na avenida. Dali até o prédio onde ela morava,
teria de caminhar por duas longas quadras. Se alguém lhe dissesse que teria de
fazer isso há alguns dias, riria da piada. Mal conseguia se manter em pé para
ir ao banheiro no hospital. Não tinha mais forças para manter seu corpo
esquelético ereto. No entanto, a certeza de que não tinha mais volta, de que não
havia saída, somada a um propósito real, lhe enchera de uma energia que não
havia como explicar de onde saíra. Talvez, estivesse dentro dele durante todo o
tempo. Talvez, fosse aquela última reserva de força, aquela fagulha que o corpo
guarda para lutar pela sobrevivência até o momento final.
Mas ele já não queria mais lutar contra a morte. Fora
derrotado naquela disputa e iria sair de cena como um bom perdedor.
Respirava com dificuldade. Dava passos lentos e arrastados.
As mãos, trêmulas, pendiam feito galhos secos de uma árvore prestes a tombar.
Fazia calor naquela noite. Sua boca suplicava por um gole de
água. Mas ninguém prestava atenção nele. Estava sozinho e tudo bem. Não queria
auxílio de ninguém mesmo. Aquela era a sua missão. Tinha de ser assim.
Quando, depois de longos minutos de caminhada trôpega,
viu-se em frente ao condomínio de prédios amarelos, deteve-se. Respirou fundo.
Uma, duas, três vezes. Mais do que retomar o fôlego, queria entender o que
estava para acontecer. Sempre fora assim. Apaixonava-se e envolvia-se até a
medula, mas nunca deixava de raciocinar a respeito do que vivia. Brincava com a
amiga leal dizendo-se um cientista do amor. Um exagero, sem dúvida. Mas viver
sem exageros é navegar permanentemente em águas calmas. E ele adorava as
tempestades.
Aproveitou um descuido do porteiro e esgueirou-se
silenciosamente por um estreito espaço que ficara aberto no grande portão por
onde entravam e saiam veículos. Seguiu até a entrada do bloco onde ficava o apartamento
dela. Sentados em cadeiras na rua sorvendo seu mate, alguns moradores trocavam
olhares e cochichos sobre aquela estranha figura que, cambaleante, cruzava o
pátio, feito um espectro errante.
Entrou no prédio e, apoiando-se nas paredes, se arrastou até
o elevador. Quinto andar.
Em frente à porta do apartamento dela, ameaçou tocar a campainha, mas desistiu. Com as costas arqueadas, o peito arfante, e os olhos
semicerrados, sentia a vida fugir a cada dolorosa tentativa de respirar. Esforçava-se
para puxar o ar que teimava em não inflar seus pulmões. Apoiando uma mão na
parede, usou a outra para bater à porta. A tentativa pareceu mais uma carícia –
as suas mãos entre os cabelos negros dela. Na segunda tentativa, fez o melhor
possível.
TOC
...
TOC
Espera. Espera. Espera
Um barulho seco.
Silêncio.
A porta se abrindo.
Os mesmos olhos castanhos, as mesmas olheiras feito nuvens
negras sob eles. As mesmas mãos miúdas levadas à boca após um grito.
Caído aos seus pés, lá estava ele. O que restara dele.
A morte chegara antes de ela enchê-lo de vida como sempre fazia
quando estavam juntos.
Não vivera longamente, mas experimentara o intenso sabor
doce de um amor verdadeiro.
Fora feliz.
Na vida e na morte.
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