quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

16 anos! 16 anos!

Durante a semana em que ocorreu o vestibular da UFRGS, passeei por entre meninos e meninas ávidos por uma vaga na Universidade. Olhando para o rosto de alguns deles saltou-me à vista uma situação que ainda não tinha notado com clareza, ou, pelo menos, não tinha pensado sobre o assunto: crianças escolhendo sua futura profissão e definindo, já, uma parte importante do caminho que trilharão na vida. E quando falo em crianças não é somente força de expressão. Falo de garotos e garotas de 16 anos. 16 anos! Profissão escolhida. Eu, quando passei no vestibular, tinha 19 anos e mesmo assim acho que não estava preparado para tomar tal decisão. Não me arrependo da que tomei, mas tenho certeza de que tive mais sorte do que juízo ao acertar na escolha. A cada vez maior juvenilização (essa palavra existe?) das universidades traz conseqüências importantes para o contexto universitário. Nos meus últimos anos de faculdade não conseguia mais ficar nos corredores do prédio. A infantilidade era tamanha que quem quisesse conversar tinha de quase gritar para se fazer ouvir, visto a imensa quantidade de gritos, gargalhadas, brincadeiras, etc. Não se via ninguém mais conversando sobre assuntos sérios. Só bobagens. Não que eu não goste de bobagens, muito pelo contrário, e quem me conhece sabe disso, mas tudo tem um limite. A primeira coisa que fazem depois de entrar na universidade é comprar uma mochila ou bolsa com o logo da UFRGS ou com o nome do curso ou da faculdade. Isso para que todos saibam que o menininho do papai está na federal. Abrimos essa mochila e não encontramos um livro sequer. Alguma revista capricho, talvez. E com razão, com 16 anos o indivíduo tem de curtir, se divertir, e vários outros verbos no infinitivo. 16 anos não é idade para se pensar no futuro. Cheguei a pensar que as praças da cidade estão vazias porque os seus costumeiros frequentadores estão nas faculdades. Bobagem minha. Com 16 anos eu não tinha a mínima idéia do que seria na vida. Até hoje ainda não estou certo do que serei. E a culpa disso tudo não é da gurizada, eu nem ficava brabo com eles, pois afinal de contas ainda são crianças, ou como preferem alguns, ainda são jovens. E como sabiamente já dizia Eduardo Menezes, jovem é uma merda.

2 comentários:

Pati Benvenuti disse...

Na verdade, se com 16 anos alguns estão entrando na universidade, sinal de que com 14 eles já deviam pensar no caso. Lembrando do tempo em que eu ingressei na Ufrgs, eu eu me dou conta de que não tinha a mínima idéia do era jornalismo mesmo. Mas, estranhamente, existia em mim muito mais vontade de descobrir as coisas do que hoje. Essa deve ser uma conseqüência de vários anos em uma faculdade desmotivante.
:*

Juliano disse...

O mundo num geral, desde que se "descobriu" a adolescência, vive um processo de imbecilização que, na verdade, é apenas fruto do passar a mão na cabeça de crianças que nunca crescem. Antes, o "tudo bem, é coisa de criança"; agora o "sabe como é... adolescente... aquilo tudo". O resultado taí. O "mundo adulto", inclusive, começa a se alterar, e rápido, por conta disso. Só fico pensando se, não propriamente a escolha, mas o refletir sobre o futuro se enquadra nisso. Afinal, uma hora temos que fazer isso. Acho que o fim da tal adolescência seria o tempo justo. Mas, convenhamos, e daí concordo contigo, 16 anos é cedo demais. É que conrremos o risco de alargarmos demais o prazo, digamos assim, para se começar a tomar decisões importantes.

Baita abraço.