Esta semana o Ministro da Justiça, Tarso Genro, declarou-se favorável à abertura de processos criminais contra os torturadores do regime militar. O assunto há muito é debatido, principalmente entre os apoiadores da idéia, entre os quais eu me encontro. A novidade está no fato de um ministro de Estado colocar o tema em pauta e declarar-se favorável às ações.
Em entrevista concedida ao Jornal da Globo desta quinta-feira, o coronel Jarbas Passarinho, homem que por 3 vezes foi ministro de governos militares e votou a favor do AI5, afirmou ser contrário à proposta. Até aí, nada de mais, a posição dele sobre o assunto era óbvia. O que chamou a atenção foi o que ele disse depois. Jarbas Passarinho disse que estão querendo reabrir feridas que estavam quase cicatrizadas (frase sempre dita por quem não gosta de falar sobre o assunto). Passarinho disse ainda que os fatos ocorridos durante o regime militar (torturas, assassinatos, estupros, desaparecimentos, terror psicológico, perseguição política, entre outros) deveriam ser esquecidos por todos e que “esse esquecimento foi unilateral até hoje”. Ou seja, os militares, que foram os responsáveis por tudo isso, fizeram a sua parte, esqueceram de tudo, fizeram o que deveria ter sido feito por todos, fizeram o certo, portanto. Já as vítimas dessa enorme gama de atrocidades não fizeram a sua parte, não esqueceram de tudo, estão, desse modo, errados. Novamente, a culpa é de quem sofreu e não de quem causou o sofrimento.Caro coronel Jarbas, sinto dizer-lhe que aqueles que foram torturados, humilhados, estuprados, perseguidos, calados à base da força e os familiares daqueles que foram assassinados pelas mãos de soldados e policiais durante a ditadura de 1968 nunca esquecerão das dores que sentiram nos porões pelo país todo. Eles nunca esquecerão do terror a que foram submetidos durante as sessões de tortura. Eles não esquecerão. Nós não esqueceremos. O Brasil não esquecerá do que vocês fizeram. Quem bate esquece, quem apanha, nunca esquecerá.Viva à memória dos brasileiros! Viva à justiça que ainda há de ser feita aos torturadores e assassinos pagos pelo Estado brasileiro durante 20 anos para silenciar a voz dos descontentes do Brasil.
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