quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Choque de realidade

Ontem à tarde fui, a trabalho, ao primeiro lugar que realmente me impressionou durante esta minha não tão longa estrada como jornalista: Vila Dique. Se alguém que pode ler este blog reclama de alguma coisa em sua vida, recomendo uma rápida passada por lá. É um verdadeiro choque de realidade.


















Fotos de Fernanda Bigio

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O papel da mídia

A vergonhosa e irresponsável atuação da mídia brasileira durante o seqüestro ocorrido em Santo André, que resultou na morte da jovem Eloá, de 15 anos, faz necessário um debate a cerca do real papel da imprensa. É inconcebível que um canal de TV permita que um apresentador, jornalista ou não, entreviste um seqüestrador durante o seqüestro. O que um jornalista sabe sobre negociação em situações de risco como aquela? Nada, absolutamente nada. A briga pela audiência já fez com que a TV brasileira apresentasse coisas inacreditáveis, como o sushi humano e a entrevista forjada com supostos integrantes do PCC. Nenhuma delas, entretanto, terminou com a morte de alguém. Não estou dizendo que os canais de TV que entrevistaram o cara são responsáveis pela morte da menina. Longe disso. Mas é fato que as entrevistas via telefone realizadas com ele prejudicaram o trabalho da polícia. A seguir, reproduzo o trecho de uma entrevista que o ex-comandante do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e sociólogo Rodrigo Pimentel, autor do livro "A Elite da Tropa", deu ao site Terra falando sobre o assunto.

Como o senhor avalia a cobertura da mídia?

A Sonia Abrão, da RedeTV!, a Record e a Globo foram irresponsáveis e criminosas. O que eles fizeram foi de uma irresponsabilidade tão grande que eles poderiam, através dessa conduta, deixar o tomador das reféns mais nervoso, como deixaram; poderiam atrapalhar a negociação, como atrapalharam... O telefone do Lindemberg estava sempre ocupado, e o capitão Adriano Giovaninni (NR: negociador da Polícia Militar) não conseguia falar com ele porque a Sonia Abrão queria entrevistá-lo. Então essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência. O Ministério Público de São Paulo deveria, inclusive, chamar à responsabilidade essas emissoras de TV. A Record se orgulha de ter ligado 5 vezes para o Lindemberg. Ele ficou visivelmente nervoso quando a Sonia Abrão ligou, e ela colocou isso no ar. Impressionante! O Lindemberg ficou: "quem são vocês, quem colocou isso no ar, como conseguiram meu telefone?". Olha que loucura! Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos hoje, jamais. Aconteceu há quase 40 anos, mas jamais aconteceria nos dias de hoje. Foi irresponsável, infantil e criminoso o que a Sonia Abrão fez. Eu lamento não ter falado isso na frente dela. Eu gostaria de ter falado isso para ela e para os telespectadores da Record e da RedeTV!.O que ela fez foi sem a menor avaliação. Tanto que, num primeiro momento, ele (o repórter Luiz Guerra) tentou enganar o Lindemberg, dizendo-se amigo da família. E depois ele tentou ser negociador, convencer ele a se entregar sem conhecer os argumentos técnicos usados para isso. O que o capitão Giovaninni falava para o Lindemberg a todo momento é que, até aquele momento, o crime que ele havia praticado era muito pequeno. Esse é o argumento técnico, funciona quase sempre. "Olha meu amigo, até agora você não matou ninguém, até agora só colocou essas pessoas sobre constrangimento, sua pena vai ser muito pequena...". Isso funciona mesmo. E a Sonia Abrão não tem esse argumento, a Record também não.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Das duas uma

"Capital: levantamento mostra que 90% dos guardadores de carros têm antecedentes"
(Título de notícia no site ZeroHora.com)

Quem lê esse título, sai à rua, vai estacionar o seu carro e é abordando por um flanelinha só tem dua opções. Ou liga para a polícia, ou levanta os braços e entrega tudo. Mas que maldade a de quem escreve um título destes, hein.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"A lei tem que intimidar o cidadão"

O xerife dos pampas (sic), coronel Mendes, concedeu uma entrevista ao jornal Folha Universal, pertencente à Igreja Universal do Reino de Deus. Dentre todas as bob..., digo, coisas que ele disse, algumas merecem destaque aqui neste espaço. Seguem:

Como tem sido o trabalho à frente da Brigada Militar?
MENDES - Procuramos desenvolver ações baseadas em três verbos prioritários: abordar, prender e apreender. Vivemos em um mundo de criminalidade violenta. A polícia tem que ser forte.
(NE: ou seja, prevenção nenhuma, só repressão)

O cidadão deve reagir a assaltos?
MENDES - O artigo 144 da Constituição diz que segurança pública é dever do Estado, mas responsabilidade de todos. Nos últimos anos, a população cada vez mais coloca o passo para trás, coloca grade, alarme, cachorro. Nada disso resolve. Sempre que tiver oportunidade, o cidadão tem que reagir.
(NE: contra a opinião de todos os entendidos no assunto, ele diz para as pessoas reagirem. Viva o confronto!)

3 – E que acha da pena de morte?
Eu sou favorável. A maioria dos delitos graves são cometidos por pessoas com lastro grande de registros criminais. O que fazer? As pessoas matam, cumprem pequena parcela nos presídios, e retornam para cometer os mesmos delitos. Vimos agora na Olimpíada que a criminalidade é muito baixa na China porque a lei é forte. A lei tem que intimidar o cidadão. Principalmente o cidadão delinqüente.
(NE: essa frase é a síntese do modo de agir da BM atualmente. Intimidação. Intimidação. Intimidação)

"A regra é clara no Rio Grande do Sul. Invadiu, tem que sair. Se não sair, a gente tira"
(sobre o MST)
(NE: A BM tira, nem que seja abaixo de porrada)

PS: A entrevista completa está disponível no site do jornal e na edição impressa disponível nos templos da igreja.