sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Das duas uma

"Capital: levantamento mostra que 90% dos guardadores de carros têm antecedentes"
(Título de notícia no site ZeroHora.com)

Quem lê esse título, sai à rua, vai estacionar o seu carro e é abordando por um flanelinha só tem dua opções. Ou liga para a polícia, ou levanta os braços e entrega tudo. Mas que maldade a de quem escreve um título destes, hein.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tchê, eu não compreendi tua indignação com o título. Se houver realmente um levantamento com esse índice (que é altíssimo, se comparado com demais segmentos da sociedade ou entre categorias de trabalhadores), onde está a alegada maldade? O título não tem expressões pejorativas. Diz um dado que, se for verdade (me parece que tu não estás questionando a veracidade da estatística, mas a forma como o jornalista expôs), é relevante.

Juliano Tatsch disse...

A maldade está no fato de o jornal vir fazendo, continuamente, uma campanha através da subjetividade que há muito deixou de estar implicita em suas matérias e passou a ser explicitada, transformando os pedintes das esquinas e os guardadores de carros em bandidos. Qual deve ser o percentual de jornalistas processados e condenados? É lógico que quem vai para a rua guardar carros, assim o faz porque não teve a oportunidade de progredir na vida de outra maneira, não teve a oportunidade, como nós tivemos, de estudar em uma universidade pública sustentada pelos impostos que ele paga quando compra o seu cigarro, ou a sua flanela. Se não tem oportunidades, o crime é um dos meios de se obter aquilo que deveria ser seu por direito. Não defendo aqui o crime. Mas as causas nunca são motivos de manchetes. Indico a leitura de "As Prisões da Miséria", de Loïc Wacquant. É um texto esclarecedor. Abraços.