Nessa semana estive acompanhando o lançamento, em Porto Alegre, da Campanha da Fraternidade 2009, organizada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entidade ligada à Igreja Católica. O tema da campanha neste ano é "Fraternidade e Segurança Pública". Durante a apresentação da campanha o presidente regional da CNBB, Dom José Mário Stroeher, fez duras críticas ao sistema de segurança atual em prática no País, à Justiça e à situação das penitenciárias brasileiras. "Para combater a violência não basta combater os efeitos, é preciso discutir as causas, que são muitas. Não se pode associar pobreza com criminalidade, por exemplo, pois os grandes líderes do crime organizado não estão nas periferias. Outro ponto é o tratamento diferenciado que é dado pela justiça aos pobres e aos ricos, que dá a impressão de que as leis foram feitas somente para alguns", afirmou o religioso.
O Comandante Geral da Brigada, coronel Trindade, estava presente no acontecimento. Até aí, nada demais, e é até normal que no lançamento de uma campanha de mobilização nacional como a realizada pela CNBB, que tem como assunto principal a segurança pública, a principal figura da polícia militar do Estado esteja presente. O que chamou a atenção foi o que ele disse em entrevista para mim e para um repórter do jornal Correio do Povo. O coronel Trindade falou que gostou do que ouviu dos representantes da Igreja porque teve a impressão de que o debate se dará em torno de valores e não com viés político. Cá para nós, é inegável que a questão da segurança publica é fortemente política, depende de ações políticas, de vontade política. A impressão que deu foi de que o coronel não foi no encontro para se inteirar da campanha, saber quais propostas e sugestões a Igreja tinha, se integrar no processo de debate sobre o tema, e sim foi apenas acompanhar para ver se o governo iría ser criticado. Não foi (ou pelo menos não identificadamente) e ele saiu satisfeito.
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