sábado, 5 de maio de 2018



O fim


Difícil não é esquecer,
Deixar passar,
Guardar memórias sob a pele.
Riscar um nome.
Rasgar retratos.

Difícil é deixar de lembrar.
Não mais sentir o cheiro nem sorrir ao ouvir a voz.
Não mais tocar e perceber que o gosto na boca se foi.
Fechar os olhos e não ver o rosto.

O fim não está na ausência do corpo.
O não ter é a casa do desejo.

O fim chega quando já não se sente falta,
Quando a mente serena e não pede mais a presença,
Quando não faz mais diferença.
O fim está no ‘tanto faz’.

Quando não há mais arrependimentos,
Nem mágoa, raiva, dor, esperança ou saudade,
O fim bate à porta pedindo abrigo.

O fim está na ausência tranquila,
No sublime vazio,
No sono sem sonhos.

O fim está na indiferença que grita.
O fim mora no silêncio
Que fica.

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