Em pé enquanto esperam um ônibus que custa chegar em uma
noite chuvosa de sábado em Porto Alegre, um casal discute a relação. Falam em
tom de voz normal sem se preocupar se estavam sendo ouvidos por mim, que fazia
companhia a eles já há um bom tempo.
– Tu não disseste que tinha me esquecido? – diz ela.
– Tu não podes levar a sério o que eu falo quando estou
magoado – responde ele.
Foi possível ouvir apenas isso antes de os dois embarcarem no
coletivo que encostou junto ao meio-fio da calçada espirrando água na minha
calça jeans.
Sozinho no ponto de ônibus, peguei-me pensando o seguinte:
moça, nós, humanos, nunca esquecemos. A gente não esquece quando fica em
silêncio e não esquece quando diz que esqueceu.
A gente principalmente não esquece quando diz que esqueceu.
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